No mês de junho, quando ainda era apontado pelas pesquisas como o quarto ou quinto na preferência do eleitor carioca, o então candidato a prefeito do Rio pelo PMDB, Eduardo Paes, reuniu-se numa manhã de sexta-feira, na sede do São Cristóvão de Futebol e Regatas, com o presidente da Federação de Futebol do
Estado do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, e presidentes de vários clubes do município.
Nesta reunião, o candidato – agora prefeito eleito da cidade – entregou aos representantes das agremiações uma carta-compromisso com diretrizes para revitalizar os clubes de menor investimento da capital do Rio de Janeiro. Na carta, Eduardo Paes se compromete a empreender todos os esforços necessários à recuperação das instituições, inclusive com a injeção de recursos para reformar as instalações desportivas dos clubes para que os mesmos possam ser utilizados, durante a semana, como Vilas Olímpicas pelas crianças e jovens que estudam em escolas públicas próximas.
Prometeu também apoiar a reestruturação e o fortalecimento da Segunda Divisão, com a possibilidade até de se criar uma competição entre clubes metropolitanos e outra com times do interior do Estado – através de uma parceria com a Federação – a fim de potencializar as chances desses tradicionais clubes cariocas de voltarem à Primeira Divisão.
Do encontro participaram os presidentes do Céres, Estácio de Sá, La Coruña, Bangu, América, Madureira, São Cristóvão, Olaria, CFZ, Campo Grande, Rubro Social, União de Marechal e Bonsucesso.
O ESPORTEAGITO sempre foi um defensor da revitalização do esporte carioca e, desde que o nosso blog entrou no ar procuramos acompanhar – embora ainda de maneira bem mais tímida do que pretendemos – a trajetória dos times da capital. Queremos ver o esporte da cidade cada vez mais forte e ativo. E não apenas no futebol, mas em todas as modalidades.
O novo prefeito, Eduardo Paes, é um político e um administrador ligado ao esporte. Foi secretário estadual de Esportes, Turismo e Lazer e presidente da Suderj. Comandou a parte final das obras do complexo do Maracanã para o Pan 2007. Tem como um de seus principais aliados o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, criador do projeto da Vila Olímpica da Mangueira e também ex-secretário de Esportes e ex-gestor do Maraca.
Enfim, temos uma chance histórica de dar um verdadeiro impulso ao esporte carioca, pois a população elegeu um homem que sabe das mazelas e das carências do setor porque conhece o problema por dentro.
É fundamental, então, que a partir de 1º de janeiro todos nós que amamos o esporte da nossa cidade cobremos do novo prefeito o cumprimento de seus compromissos firmados na carta e na reunião de junho, em Figueira de Melo. Os sócios e torcedores dos clubes devem lembrar permanentemente seus dirigentes para que também cobrem as ações prometidas.
Vamos fazer um mutirão! Vale mandar e-mails e cartas tanto para os clubes quanto para a Prefeitura. O que não podemos é perder esta oportunidade.
Paixão e violência
Cada vez mais – felizmente! – o futebol rompe as fronteiras das quatro linhas para ganhar espaço também nas discussões acadêmicas, nas pesquisas e nos estudos sobre os seus efeitos nas pessoas e nas sociedades. Enfim, o esporte visto como manifestação cultural.
Recentemente, aqui no Rio, dois eventos trataram com especial preciosismo esse universo cultural que envolve o futebol. Um deles foi o REcine – Festival de Filmes de Arquivo – promovido pelo Arquivo Nacional, que este ano teve como tema central
A Bola – Futebol, Magia e Paixão. Além de apresentar, ao longo de uma semana, a nata da filmografia nacional sobre o esporte das multidões, o REcine programou mesas-redondas para discutir diversos aspectos ligados ao futebol.
Num desses debates, que tive a oportunidade de assistir, os jornalistas João Máximo e Antonio Maria Filho, ambos do jornal O Globo, e Manolo Epelbaum, correspondente argentino radicado há mais de 40 anos no Brasil, falaram sobre a paixão e a violência no futebol.
Enquanto Maria Filho atribuiu à impunidade que impera em nosso país grande parte da violência praticada dentro e fora dos gramados, João Máximo defendeu a tese de que a cultura do brasileiro não aceita nada menos do que o 1º lugar.
“Não nos importamos se ganhamos roubado, com o juiz nos ajudando, o importante é ganhar.” É por conta dessa mentalidade, segundo o jornalista, que técnicos que apelam para o anti-jogo como tática e que ganham títulos são endeusados, enquanto os adeptos ao futebol-arte são execrados quando não são campeões. Para ele, tanto a imprensa esportiva quanto os dirigentes de clubes têm um papel muito importante para combater a violência no esporte.
“Nós, jornalistas, temos que criticar os técnicos que mandam dar pontapé, mesmo que eles nos dêem Copas do Mundo. E os dirigentes têm é que punir os jogadores violentos e não ficar tentando obter efeitos suspensivos”, argumentou.
Manolo Epelbaum, por sua vez, revelou um dado preocupante. Por causa da violência, cerca de 100 mil pessoas deixam de ir aos estádios argentinos todos os fins de semana.
Os 75 anos do Mané
O segundo evento aconteceu na quinta-feira, 23 de outubro, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O Centro Histórico-Esportivo da entidade, criado e coordenado pelo jornalista, radialista e pesquisador José Resende, prestou uma homenagem ao eterno gênio Mané Garrincha, que completaria 75 anos se vivo estivesse.
Para dar depoimentos sobre o Mané, um time de primeira foi escalado: o jornalista e escritor botafoguense Roberto Porto; o ex-goleiro Gilson, do Botafogo; Índio, ex-jogador do Flamengo na década de 50 e integrante da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa de 58; o repórter Luiz Fernando e o técnico Jorge Vieira.
Porto (
na foto, tendo ao lado o ex-goleiro Gilson) aproveitou a ocasião para desfazer dois equívocos históricos: um sobre a verdadeira data do aniversário de Garrincha, 18 de outubro (na biografia do craque, escrita por Ruy Castro, a data que aparece é 28 de outubro). Outro é a respeito do verdadeiro nome do jogador – Manoel dos Santos e não Manoel Francisco dos Santos, como a maioria das citações. A prova apresentada foi nada menos que uma cópia da certidão de nascimento do “anjo das pernas tortas”.
Ex-companheiro de seleção, Índio contou uma curiosidade a respeito de Garrincha. “
Ele me apelidou de ‘Homem Espelho’, porque eu tinha mania de ficar em frente ao espelho tirando espinhas do rosto”. Só mesmo o Mané...