quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BOXE / Um mito nocauteado pela vida


Solitário e falido, Evander Holyfield leiloa objetos pessoais para sobreviver e, aos 50 anos, se agarra à ilusão de voltar a ser campeão mundial

Lauro Freitas Fº
editor do EsporteAgito

O assunto foi trazido à pauta em meados de outubro, como sempre oportunamente, pelo bem infomado e atento jornalista Daniel Fucs, em seu blog sobre o mundo do boxe no site do canal Combate (http://combate.globo.com/danielfucs/platb/2012/10/15/palavras-dificeis/).
Um dos maiores ídolos da história do esporte mundial, o lendário pugilista norte-americano Evander Holyfield, cinco vezes campeão dos pesos pesados, é hoje um homem falido e só, que vive afastado da família, dos amigos e dos antigos sinais de riqueza e que se agarra a uma esperança – cada vez mais distante de se tornar realidade – de ainda vir a enfrentar um dos irmãos Klitschko, na ilusão de que pode reconquistar o cinturão que já foi seu e, por conseqüência, reconstruir sua vida financeira hoje completamente devastada.
Com sensibilidade e conhecimento, Fucs – que também é árbitro internacional, ex-dirigente da Confederação Brasileira de Boxe e dos mais respeitados especialistas da nobre arte do país – lembra em sua postagem que, apesar de ter construído uma imagem de pessoa centrada, religiosa e preocupada com os amigos e parentes, a ponto de sacrificar parte da fortuna para ajudar o próximo, Holyfield foi vítima de “negócios mal administrados, jogo, três divórcios, 11 filhos de cinco mulheres diferentes e advogados ávidos”, que fizeram escoar pelo ralo as centenas de milhões de dólares conquistados ao longo de sua espetacular carreira pugilística.
Segundo Fucs, para tentar saldar parte de sua milionária dívida, The Real Deal Holyfield terá que leiloar, agora em novembro, tudo o que possui, inclusive seus cinturões, troféus, roupões, luvas usadas em competições e até mesmo a medalha de bronze conquistada nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Isto depois de se desfazer, praticamente pela metade do preço, da mansão avaliada em US$ 14 milhões para pagar a hipoteca. Recentemente uma de suas filhas entrou na Justiça para receber 370 mil dólares da pensão que está atrasada.
Dono de um invejável cartel de 56 lutas como profissional, com 44 vitórias – 29 por nocaute, dois empates e 10 derrotas – Holyfield manifesta o desejo de um embate contra um dos irmãos ucranianos, atuais detentores dos cinturões das principais entidades do boxe mundial, que seria para ele o fecho de ouro de uma carreira vitoriosa no passado.
Aos 50 anos, Evander Holyfield se agarra à ilusão de que ainda pode ser o melhor do mundo e dar a volta por cima em todos os seus problemas financeiros. Entretanto, preocupada com a saúde do ex-campeão, a Comissão Atlética do Estado de Nova York não autoriza a realização do sonho do pugilista, assim com também agem as outras comissões norte-americanas.
Fica a preocupação e a tristeza de ver mais um grande mito do esporte ser nocauteado pela vida depois de ter nos dado tantas alegrias e emoções.

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