sábado, 20 de fevereiro de 2010

Futebol / Ferj e clubes querem empurrar para jogadores o risco de disputar Segundona no calor

Lauro Freitas Fº
editor do blog

Continua o impasse sobre a realização do campeonato estadual da Série B – a Segunda Divisão do futebol carioca – que deveria começar neste sábado (20 de fevereiro), mas foi adiado por tempo indeterminado devido a uma liminar da Justiça obtida pelo Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio (Saferj), que proíbe a realização de partidas entre 10h e 17h em todo o estado, por causa das altas temperaturas e o risco oferecido a quem joga neste intervalo.
Como a maioria dos estádios onde os jogos deveriam ser disputados tem deficiências no sistema de iluminação, inviabilizando partidas noturnas, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) decidiu adiar a competição e convocar os clubes para um arbitral, realizado na última quinta-feira (18 de fevereiro) para definir a questão.
Nada, porém, ficou decidido. Como que lavando as mãos e, ao mesmo tempo, intencionando livrar a responsabilidade dos clubes, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, sugeriu que os clubes que disputam as divisões inferiores do futebol do Rio fizessem um documento no qual os jogadores assinariam um documento assumindo toda a responsabilidade da prática do esporte no horário proposto no arbitral: 15h30. Tendo este documento em mãos, os clubes repassariam as assinaturas à Ferj, que acionaria a Justiça para derrubar a decisão dada ao Saferj.
Se a liminar for derrubada nos próximos dias, a Segundona começa no sábado que vem (27 de fevereiro). Caso contrário, a competição só terá início quando a liminar não tiver mais efeito, ou seja, no dia 2 de maio.
Em vez de tentar pôr nas costas dos jogadores o peso da responsabilidade (ou irresponsabilidade) de jogar sob condições desumanas debaixo de um sol inclemente, pondo em risco a própria saúde e a dos torcedores que vão apoiar seus times nos estádios, a Federação e o Sr. Rubens Lopes – assim como os dirigentes dos clubes envolvidos – deveriam é cobrar do prefeito Eduardo Paes a sua promessa de campanha, firmada com a própria Ferj e presidentes de diversas agremiações (entre as quais o Bonsucesso, São Cristóvão e CFZ, que disputarão a Série B deste ano), numa reunião no estádio de Figueira de Melo, em junho de 2008, quando o então candidato líder nas pesquisas entregou uma carta-compromisso com diretrizes para revitalizar os clubes de menor investimento da capital do Rio de Janeiro.
Nessa carta, Eduardo Paes se comprometia a empreender todos os esforços necessários à recuperação das instituições, inclusive com a injeção de recursos para reformar as instalações desportivas dos clubes, além de apoiar a reestruturação e o fortalecimento da Segunda Divisão.
Mas parece que memória, infelizmente, não é mesmo o forte dos cartolas que dirigem o nosso futebol.

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