segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Futebol / Diretoria alvinegra se explica, mas nem tanto

Rogério Lessa Benemond*
Por iniciativa do dinâmico vice-presidente de Comunicação, Thiago Cesário Alvim, dono da casa noturna Carioca da Gema e uma das poucas figuras com trânsito livre entre as diversas correntes políticas alvinegras, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção (foto), recebeu no início de fevereiro jornalistas alvinegros para um café-da-manhã em General Severiano.
Durante o encontro, foram esclarecidas muitas dúvidas que angustiam os botafoguenses desde que sua diretoria tomou posse. Outras nem tanto.
Durante a campanha, por exemplo, Assumpção garantiu a formação do elenco com um fundo de R$ 20 milhões e que o Botafogo teria um time competitivo. Não é o que está ocorrendo. E 2010 já coleciona pelo menos dois vexames: a derrota de 6 x 0 para o Vasco e, mais recentemente, quando o time titular foi vencido pelo modestíssimo São Raimundo, campeão ... da série D!
Poucos jogadores do elenco encontrariam vaga nas equipes da primeira divisão brasileira. E quando alguém joga bem, é contratado por outro clube, mesmo que sejam Fluminense ou Cruzeiro.
O presidente Assumpção também nada esclareceu sobre as ocorrências das vésperas da eleição, quando houve um racha entre as correntes que o apoiavam, que resultaram em pedido de adiamento do pleito, o que não ocorreu, resultando num sufrágio com menos de 300 votos.
Novidades
Segundo Assumpção, o Engenhão não é mais deficitário. No entanto, de acordo com o presidente do Botafogo, para as demais unidades do clube, apesar de não faltarem ofertas de patrocínio para diversos projetos, sobram também pendências como penhora e até o risco de encerramento de concessões, como é o caso de Marechal Hermes. Tais problemas, tradicionalmente creditados (ou debitados) a gestões anteriores, se arrastam há muito tempo e o resultado é que o Botafogo tem muitas sedes, mas nenhuma é aproveitada convenientemente.
Outra notícia é que em breve ressurgirá a figura do sócio-contribuinte, exigência do estatuto, alterado pelo Conselho Deliberativo anterior. Os clubes cariocas precisam mesmo de uma grande “oxigenação democrática” e para isso é preciso ter sócios, sejam proprietários, contribuintes, ou sócios-torcedores. Basta ver que a atual presidente do Flamengo foi eleita com menos de 800 votos.
Atitude
Os jornalistas presentes elogiaram a iniciativa do encontro, mas fizeram algumas críticas e sugestões. Ficou patente que todos esperam mais ousadia da diretoria, sempre preocupada em equilibrar receita e despesa. Assumpção argumenta que foi a ousadia das gestões anteriores que deixou o clube em situação financeira caótica, mas certamente nenhuma empresa vai para frente sem investir.
Existem estudos, até certo ponto óbvios, mostrando que há uma relação direta entre os resultados em campo e as receitas dos clubes. Mas para vencer é preciso investir e se impor diante dos empresários.
Por falar neles, foi desmentida a denúncia veiculada em um grande jornal, no qual o colunista esportivo dos domingos afirmou que a escalação de Eduardo no jogo contra o Vasco teria sido imposta por investidores. A notícia, segundo a diretoria do Botafogo, teria sido plantada pelo antigo responsável pelas contratações, Ricardo Rotemberg, em cujo histórico constam aquisições “de peso” como as dos argentinos Zárate e Escalada.
Articulação
Outro aspecto interessante do encontro foi a informação de que o Botafogo está se articulando politicamente não apenas nas instâncias esportivas, como CBF e Ferj, mas também junto à bancada alvinegra no Congresso, que não é pequena. Cansado de ser prejudicado pelas arbitragens e esculachado pela mídia esportiva, finalmente o Botafogo parece ter acordado para a necessidade dessas articulações. “O Botafogo é honesto, ético, mas não é bobo”, resumiu Maurício Assumpção.
Segundo tempo
O presidente teve que sair para uma viagem a São Paulo, onde, segundo afirmou, tinha reunião marcada no Corinthians, mas não para tratar de negociações de jogadores. A reunião seguiu com o vice de Comunicação, Thiago Cesário Alvim, realizador do encontro, que acaba de tomar posse. Ele garantiu que o Botafogo está apenas esperando momento favorável para lançar um site oficial totalmente reformulado.
Claro que sem resultados em campo nada é possível fazer, mas é mesmo fundamental que o clube, ao lado das articulações políticas, tenha uma estratégia de comunicação para potencializar as notícias positivas, caso contrário continuaremos vendo o Botafogo no rodapé das capas de jornais esportivos ou virando manchete somente quando um torcedor queima a gloriosa camisa alvinegra.
Outro gol marcado por Alvim foi demonstrar que o profissionalismo é indispensável para a sobrevivência dos clubes brasileiros, mas que a figura do mecenas não pode ser desprezada. O vice de Comunicação lembrou que figuras como Emil Pinheiro e Carlos Augusto Montenegro foram fundamentais para muitas conquistas do Botafogo.
Stadium Rio e Luiz Mendes
Em seguida, o vice geral, Antônio Carlos Mantuano, desmentiu que o contrato de terceirização do Engenhão, que passará a ser chamado de Stadium Rio, preveja a retirada de todos os símbolos do Botafogo, descaracterizando o espaço como alvinegro. Mantuano negou também que os rivais cariocas, ao utilizarem o Engenhão, estariam dispensados de pagar aluguel. Faltou, no entanto, explicar por que as torcidas visitantes são colocadas diante das câmeras de TV, obrigando a torcida do Botafogo a mudar para as arquibancadas do outro lado nos clássicos realizados em sua própria casa.
A reunião terminou com depoimento do queridíssimo Luiz Mendes, que emocionou a todos ao falar das idas e vindas da história, encorajando todos os presentes a esperar por um futuro melhor.
* O jornalista Rogério Lessa Benemond representou o site ESPORTEAGITO na reunião

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