sábado, 17 de janeiro de 2009

Coluna / POR ONDE ANDA?




Rodrigo Serpa
roserpa.agito@gmail.com

Nasa: de jogador a administrador de imóveis
Por quase duas décadas, o volante Nasa demonstrou raça e vigor nas defesas das equipes que defendeu, mas um único lance negativo marcou sua história no Vasco da Gama, clube que o fez despontar para o mundo. Seria um destino cruel aquela partida contra o Real Madri pela final do Mundial de Interclubes de 1998? Ele diz que não.
Após iniciar carreira pelo tricolor pernambucano Santa Cruz, Nasa andou rodando por clubes pelo Brasil durante a década de 90, até chegar ao Rio de Janeiro para defender as cores do Madureira, em 1997. Não demorou muito para que despertasse o interesse dos dirigentes vascaínos, que acreditaram em seu potencial e o contrataram para que disputasse o Campeonato Brasileiro daquele mesmo ano. O resultado não poderia ter sido melhor: estreou e em seu primeiro ano já colocava a faixa de campeão, posição que o credenciou a disputar a Libertadores do ano seguinte. Era o começo de uma história de muitas glórias durante os quatro anos em que defendeu o Gigante da Colina.
Presente em todas as equipes vascaínas campeãs entre 1997 e 2000, o ex-volante acabou marcando sua gloriosa passagem por um único lance de azar: o gol contra de cabeça no Mundial Interclubes contra o Real Madri, no Japão, no dia 1º de dezembro de 1998.
Mas o jogador diz não se abater e trata desse episódio com alegria e bom humor. “Tenho boas lembranças daquela decisão. Cheguei a brincar que o chute de Roberto Carlos não desviou em minha cabeça, mas não deu tempo nem de pensar. O chute veio na minha direção, não tinha como tirar a cabeça. E se eu não cabeceio, e a bola entra?”, contesta o ex-jogador.
A decisão terminou com o placar de 2 a 1 para o Real Madri, sendo o primeiro gol da equipe espanhola justamente o cabeceio contra de Nasa sem chances para Carlos Germano. Apesar do resultado, o ex-atleta afirma que nenhum de seus companheiros o culpou pelo lance. “Ninguém me culpou pela derrota. Nunca me falaram nada, nem mesmo o Eurico. Todos sabiam da minha condição, da minha luta dentro de campo. Claro que se tivesse sido campeão, a história seria outra, mas tinha que acontecer. Já aconteceu com Zico, Baggio, Toninho Cerezo. É uma coisa natural, faz parte do futebol. O que importa é que sei que minha participação no Vasco está mais em crédito do que em débito. Tenho consciência da importância que tive por lá.”, complementa o ex-volante, que define sua relação com a torcida cruzmaltina como tranqüila, apesar de admitir que ainda há quem não goste dele por causa do “acidente no Japão”, como se refere ao gol contra.
E se um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, com a cabeça de Nasa não dá para dizer o mesmo. Na final do Campeonato Carioca de 1999, é nele que desvia a bola da cobrança de falta de Rodrigo Mendes, que acabou selando a vitória e o título do Flamengo pelo placar de 1 a 0.
Depois de cinco temporadas pelo Vasco, Nasa teve sua primeira e única experiência no exterior, defendendo a equipe japonesa do Yokohama FC Marinos, até retornar ao Rio para voltar a defender a equipe do Madureira, em 2005, ao lado de Carlos Germano, Marquinhos (ex-Flamengo e América-RJ), Sorato (ex-Vasco, Botafogo e Fluminense), Victor Boleta (ex-Vasco e Flu) e Josafá (ex-Flu). E foi nesse mesmo ano que decidiu encerrar sua carreira pelo tricolor suburbano. “Deixei o futebol porque já tinha minha estabilidade na vida. Consegui acumular dinheiro suficiente para sustentar meus familiares por um bom tempo”, explica.
Aos 40 anos, Nasa também atende como empresário Gesiel José de Lima, comandando uma academia de ginástica, em Juazeiro do Norte, no Ceará, além de administrar cerca de 70 imóveis espalhados pela região Nordeste do país. “Comprei minha primeira casinha em 1997, em Madureira. Gostei do negócio, expandi para Fortaleza, Recife e Juazeiro. Hoje compro imóveis e tomo conta da minha academia Nasa Global Fitness”, conta.
Embora ainda sinta saudades das preleções e concentrações, Nasa não quis se aventurar no futebol como dirigente ou treinador, alegando o excesso de cobrança e criticando a postura de dirigentes e técnicos. “Não penso em voltar ao futebol por tudo que passei. Aqueles dirigentes, Kléber Leite, esse cidadão Eurico Miranda, Caixa D'água, é tudo uma máfia. Eu já bati de frente com eles como jogador, não quero bater como técnico. Isto sem contar com empresários corruptos”, dispara.
Contudo, para não perder a prática, ele e seu amigo Ronaldo Angelim, zagueiro do Flamengo, realizam uma pelada beneficente em Juazeiro. Afinal, ninguém é de ferro.

Ficha Técnica

Nome: Gesiel José de Lima
Nascimento: 08/12/1968 (Olinda – PE)
Posição: Volante e Meia
Clubes: Santa Cruz (1989/91); Ferroviário-CE (1991-1995); União São João-SP (1995); Comercial-SP (1996); Moto Clube-MA (1996); Madureira-RJ (1997); Vasco da Gama (1997 - 2001); Yokohama FC-JAP (2001-2002); América-PE, Icasa-CE, Guarani-CE; Madureira-RJ (2005).
Títulos: Campeonato Cearense (1994-1995); Campeonato Carioca (1998); Torneio Rio-São Paulo (1999); Campeonato Brasileiro (1997 e 2000); Copa Libertadores (1998); Copa Mercosul (2000); Campeonato Japonês (2002)
O que faz hoje: Dono de Academia de Ginástica e administrador de imóveis

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