João
Henrique Areias
Falar
é fácil, fazer é difícil (pensador desconhecido?)
A atual situação
do futebol na capital da Copa e das Olimpíadas é, no mínimo, constrangedora.
Dos doze maiores
times do país (RJ - SP - MG - RS), somente dois não tem estádio - Flamengo e
Fluminense. Até em BH, onde Cruzeiro e Atlético não possuem estádios próprios,
fizeram acordos com Mineirão e Independência respectivamente.
Falta de
planejamento, visão e principalmente falta de profissionalismo dos nossos
dirigentes?
Em 2004, quando
assumi o marketing do Fla Futebol, junto com Júnior (diretor esportivo) e José
Maria Sobrinho (diretor de administração e finanças), além de impulsionar a
inauguração dos dois primeiros campos do CT Ninho do Urubu, convencemos a
diretoria a levar a maioria dos jogos do Brasileirão para Volta Redonda
(Estádio da Cidadania). O Maracanã confirmava ser o estádio mais caro do
Brasil. De uma renda bruta em 2003 de R$ 2,2 milhões, o Flamengo levou para
casa apenas R$ 200 mil, ou seja, 9% do que arrecadou. A Suderj ficou com R$ 500
mil e a CBF + FERJ com outros 500 mil.
As demais
despesas, foram com arbitragem, exames antidoping, etc. Em Volta Redonda, o
Flamengo garantiu R$ 100 mil líquidos mínimo por jogo com a prefeitura, mais
50% de outras receitas com concessões, espaços publicitários, etc. e, o mais
importante, começava a adquirir experiência com a gestão de um estádio. Em
2005, diante da inércia do Flamengo, e sem o Maracanã, por conta das obras para
o Pan 2007, o Fluminense tomou a dianteira e alugou o Estádio da Cidadania.
Ainda em 2005,
fui chamado pelo então presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, que queria
alugar, reformar e ampliar de 5 mil para 30 mil lugares o estádio da Portuguesa
na Ilha do Governador, para que sua equipe e o Flamengo ali jogassem o
Brasileirão 2005. Ele me chamou, pediu para levar a ideia ao presidente do
Flamengo, Márcio Braga, que aceitou e me contrataram para gerenciar o projeto.
Em 9 semanas captamos os recursos, fizemos as obras e os dois clubes jogaram 36
jogos na Arena Petrobras (vendemos o naming
rights para a empresa que patrocinou as arquibancadas metálicas) e tivemos
o segundo melhor público daquele ano, só perdendo para o Mineirão.
No final de 2009,
a pedido do então presidente da Portuguesa, Antonio Augusto, procurei Flamengo
e Fluminense para viabilizar um estádio com arquibancadas fixas, agora para 23
mil pessoas. Márcio Braga pelo Flamengo e Horcades pelo Fluminense me deram as
autorizações e conseguimos a palavra do Governador Sérgio Cabral (veja no
projeto no grupo com link abaixo) de que ajudaria, visto que o Rio iria
precisar da arena em função dos megaeventos que estavam por vir.
Como em dezembro
houve eleição no Flamengo, voltei ao clube no início de 2010, para apresentar o
projeto para a nova diretoria, capitaneada por Patrícia Amorim e Hélio Ferraz e
renovar a autorização. A presidente não participou da reunião e o VP avisou que
eu teria de ser rápido porque ele tinha um compromisso. Ou seja, total falta de
interesse. O detalhe é que nenhum dos clubes teriam de investir um só centavo.
Bastava apoio político e interesse em usar a arena. Como contrapartida pelo
investimento que iriam proporcionar à Portuguesa, poderiam utilizar o estádio
como se deles fossem, por um número de anos que seria acertado pelas três
partes.
Com a atual
diretoria do Flamengo que ajudei a eleger, trabalhando na coordenação da
campanha, demonstrei minha preocupação ainda durante a campanha. Num sábado
chuvoso, no final de 2012, fui com o Eduardo Bandeira de Mello (atual
presidente do Flamengo) e seu filho, visitar os estádios da Portuguesa, Bangu e
Campo Grande (interditado). Na semana seguinte à eleição, fui com pessoas do
marketing e do futebol a Volta Redonda, conversar com o prefeito Neto e visitar
o CT João Havelange.
Com relação ao
Engenhão, ainda em 2008, visitei-o com dois alunos - Alia Maas e Rômulo Macedo
- de um Curso de Gestão de Arenas que ministrei no Rio. O relatório está no
grupo sobre Gestão de Estádios, no link abaixo.
Ainda em 2008,
quando dei assessoria para a Federação Capixaba de Futebol, sugeri ao governo
do estado, através de seu secretário de Fazenda, José Teófilo, que comprassem o
estádio do Rio Branco e construíssem uma arena moderna, devido a falta de bons
estádios no estado.
Assim o fizeram e
o vice governador Ferraço, meses depois, me contatou através do Sérgio
Sotelino, um amigo comum, para que eu o acompanhasse numa visita ao Engenhão.
Disse ao Sérgio que estava fora do Rio, não poderia ir, mas que ele visitasse o
Engenhão, um estádio que custou cerca de R$ 500 milhões, para ver tudo que não
deveria ser feito num estádio, mas que também visitasse o Estádio da Cidadania,
um estádio que custou R$ 16 milhões (2% a 3% ) do Engenhão, com metade da
capacidade (20 mil pessoas), e que era um exemplo de obra pública, funcionando
sete dias por semana (universidade à distância, centro de fisioterapia,
academia para a 3ª idade, etc).
O novo estádio do
Rio Branco foi inspirado no Estádio da Cidadania, após visita do chefe da casa
civil e do secretário de esportes do Espírito Santo a Volta Redonda.
Visitem o grupo
abaixo e vejam o relatório do Engenhão produzido pela Alia Maas e Rômulo Macedo
e o projeto do estádio na Portuguesa apresentado ao Flamengo em 2010 e o Relatório
da Arena Petrobras. Tem também um guia sobre estádios que traduzi para meus
alunos.
Saudações
esportivas.
*João Henrique
Areias, ex-vice-presidente de Marketing do Flamengo, é um dos precursores do
marketing esportivo do país