quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Homenagem a um mestre do jornalismo esportivo

Como um tributo que prestamos ao grande radialista Luiz Mendes, falecido nesta manhã de 27 de outubro, reproduzimos a seguir um texto de autoria do “comentarista da palavra fácil” escrito especialmente para o extinto jornal Agito da Galera – precursor do projeto ESPORTEAGITO – publicado na edição nº 3, que circulou em março de 1993.

O Fla-Flu

LUIZ MENDES

Ninguém sabe exatamente quando surgiu a sigla Fla-Flu para determinar o clássico Flamengo x Fluminense. O modismo das abreviaturas veio muito depois da primeira vez em que os dois grandes rivais se encontraram.

Sabe-se, no entanto, que chamar esse jogo de Fla-Flu só se tornou um fato definitivo e generalizado, desde que o grande e saudoso jornalista Mário Filho passou a tratar o clássico por esse nome. E ele o fez numa visão de marketing, pois o futebol brasileiro estava dividido em dois, com Fluminense e Flamengo liderando um dos lados, precisamente aquele que defendia a implantação do profissionalismo.

Praticamente, no Rio, apenas três clubes se situavam dentro dessa visão – Flamengo, Fluminense e América. Formavam a Liga Carioca. Todos os demais ficavam do outro lado, com a CBD, e isso determinava um campeonato cuja tabela colocava semana sim, semana não, o Fluminense jogando com o Flamengo. E Mário Filho criou o que se convencionou chamar de mística do Fla-Flu.

Quase como uma explosão em cadeia, começaram a surgir pelo Brasil afora, clássicos regionais com siglas criadas pela junção de sílabas com os nomes dos adversários. Grenal no Rio Grande do Sul; Atlétiba no Paraná; Baví na Bahia e até Comefogo em Ribeirão Preto, belicosa “alcunha” do jogo Botafogo-Comercial, agitado clássico daquela importante cidade paulista.

Fla-Flu pegou e se tornou o clássico de maior charme do Brasil, pelo apoio de Mário Filho ao profissionalismo que, afinal, se tornou vitorioso em 37, quando o Rio passou a ter um só campeonato, com todos os clubes do mesmo lado.

Desde que cheguei ao Rio (fim do ano 1944) tive oportunidade de assistir a memoráveis Flaflus. E se perguntarem qual o mais sensacional que eu vi, respondo que o Fla-Flu não pode ser dividido em pedaços, porque ele faz parte de um todo – todos eles formam historicamente um só.

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