terça-feira, 18 de junho de 2013

PARADESPORTO / A importância do rugbi em cadeiras de rodas na reinclusão social das pessoas

Fotos: Santer Rio Rugby
Por Milton Duarte Menezes
Especial para o EsporteAgito

Um esporte paralímpico criado na década de 70, inspirado nas regras do rugbi e do futebol americano, chamado rugbi em cadeiras de rodas ou quad rugbi, embora ainda pouco popular no Brasil, vem se tornando cada vez mais uma boa alternativa terapêutica e de reinserção social para deficientes físicos com limitação motora em três ou quatro membros.
Nesta modalidade, os jogadores são classificados dentro de uma pontuação que vai de 0,5 a 3,5 pontos. O que determina a diferença é o grau de deficiência: os mais limitados têm pontuações menores, e os menos têm peso maior. O jogo acontece em uma quadra com as mesmas dimensões da quadra de basquete e a bola é semelhante à de vôlei.
Desportivamente, o Brasil ainda não foi representado nas Paralimpíadas – o que vai acontecer em 2016, no Rio de Janeiro. O nosso melhor resultado aconteceu nos Jogos Parapan-americanos do México, em 2011, quando a seleção brasileira conquistou a medalha de bronze.
Destaque da seleção brasileira de quad rugby,
Guilherme Camargo divulga a modalidade no
programa do Apolinho, Washington Rodrigues,
na Rádio Tupi do Rio de Janeiro
Porém, o mais importante disso tudo é que, além do aspecto meramente competitivo, esse esporte ganha destaque ao desempenhar um papel ainda mais nobre, o de servir como meio de reinclusão social de pessoas com deficiência que sofrem com preconceitos e com a ausência de facilitação nas vias de locomoção pública, desprovidas de acessibilidade, obrigando-as a passarem por constrangimentos desnecessários, o que não aconteceria se as autoridades governamentais se lembrassem deles.
O ponto alto do rugbi em cadeiras de rodas é que, apesar de ser um esporte paralímpico, ele representa um grande desafio para o deficiente físico, tanto pelas regras do jogo quanto pelo grau de dificuldade do mesmo. Para se ter uma ideia, as equipes são formadas por quatro jogadores e há oito reservas à disposição do técnico. Esta grande quantidade de suplentes é explicada pela intensidade das colisões entre competidores e cadeiras. É necessário ter agilidade para manusear a bola, acelerar, frear e direcionar a cadeira. O jogador pode ter a posse da bola por tempo indeterminado, mas é preciso quicá-la, pelo menos, uma vez a cada 10 segundos.

A vitória da superação
Afora o aspecto social, contudo, o Brasil tem pretensões de se tornar também cada vez mais forte e respeitado nas quadras de quad rugbi do mundo, fazendo frente às principais seleções da modalidade atualmente, que são Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Grã-Bretanha.
O grande impulso e consequente avanço desse esporte no país se deu a partir da criação da Associação Brasileira de Rugby em Cadeiras de Rodas (ABRC), que incentivou o crescimento do mesmo em cidades como Rio de Janeiro, Curitiba (PR), São Paulo e Campinas (SP), onde surgiram grandes equipes, dando condições ao Brasil de participar do Parapan-MEX e assegurar presença nas Paralimpíadas do Rio daqui a três anos.
Dentre essas mais categorizadas equipes surgiu a Santer Rio Rugby, com o apoio da Associação Santer de Ação Comunitária, em maio de 2011. A base do time foi composta de paratletas do extinto Guerreiros da Inclusão, que conquistou importantes resultados e ganhou destaque nacional na modalidade.
A equipe do Santer Rio Rugby
Na nova fase, o time passou a treinar no Arouca Barra Clube, com sede na Barra da Tijuca, à Avenida das Américas, 2.300.
Os principais resultados do Santer Rio são: o bicampeonato Carioca (2011/12), o título da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de 2011 e o terceiro lugar na Copa América Quad Rugby de 2013. Nos últimos anos, três jogadores do Santer Rio marcam presença na Seleção Brasileira – Guilherme Camargo, Eduardo Mayr e o defensor Junior Wirzma, considerado o melhor 0,5 ponto do país.

Por suas próprias características, o rugbi de cadeira de rodas proporciona uma motivação especial ao deficiente, que a cada partida em que participa, sente renovado, dentro de si mesmo, o sentido da vida e que nada nos acontece por acaso, e sim para possamos ver a vida sob um outro olhar, um olhar bem mais amplo, desafiador e que dá a cada um a oportunidade de sentir que são vencedores sempre, basta para isso estarem ali na quadra jogando, não importa o resultado. A VITÓRIA já está garantida...  

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