Fotos: Santer Rio Rugby |
Por
Milton Duarte Menezes
Especial
para o EsporteAgito
Um esporte
paralímpico criado na década de 70, inspirado nas regras do rugbi e do futebol
americano, chamado rugbi em cadeiras de rodas ou quad rugbi, embora ainda pouco popular no Brasil, vem se tornando
cada vez mais uma boa alternativa terapêutica e de reinserção social para
deficientes físicos com limitação motora em três ou quatro membros.
Nesta modalidade,
os jogadores são classificados dentro de uma pontuação que vai de 0,5 a 3,5
pontos. O que determina a diferença é o grau de deficiência: os mais limitados
têm pontuações menores, e os menos têm peso maior. O jogo acontece em uma
quadra com as mesmas dimensões da quadra de basquete e a bola é semelhante à de
vôlei.
Desportivamente,
o Brasil ainda não foi representado nas Paralimpíadas – o que vai acontecer em
2016, no Rio de Janeiro. O nosso melhor resultado aconteceu nos Jogos Parapan-americanos
do México, em 2011, quando a seleção brasileira conquistou a medalha de bronze.
Destaque da seleção brasileira de quad rugby, Guilherme Camargo divulga a modalidade no programa do Apolinho, Washington Rodrigues, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro |
Porém, o mais
importante disso tudo é que, além do aspecto meramente competitivo, esse
esporte ganha destaque ao desempenhar um papel ainda mais nobre, o de servir
como meio de reinclusão social de pessoas com deficiência que sofrem com preconceitos
e com a ausência de facilitação nas vias de locomoção pública, desprovidas de
acessibilidade, obrigando-as a passarem por constrangimentos desnecessários, o
que não aconteceria se as autoridades governamentais se lembrassem deles.
O ponto alto do rugbi
em cadeiras de rodas é que, apesar de ser um esporte paralímpico, ele
representa um grande desafio para o deficiente físico, tanto pelas regras do
jogo quanto pelo grau de dificuldade do mesmo. Para se ter uma ideia, as
equipes são formadas por quatro jogadores e há oito reservas à disposição do
técnico. Esta grande quantidade de suplentes é explicada pela intensidade das
colisões entre competidores e cadeiras. É necessário ter agilidade para
manusear a bola, acelerar, frear e direcionar a cadeira. O jogador pode ter a
posse da bola por tempo indeterminado, mas é preciso quicá-la, pelo menos, uma
vez a cada 10 segundos.
A vitória da
superação
Afora o aspecto
social, contudo, o Brasil tem pretensões de se tornar também cada vez mais
forte e respeitado nas quadras de quad rugbi do mundo, fazendo frente às
principais seleções da modalidade atualmente, que são Estados Unidos, Canadá,
Nova Zelândia, Austrália e Grã-Bretanha.
O grande impulso e
consequente avanço desse esporte no país se deu a partir da criação da
Associação Brasileira de Rugby em Cadeiras de Rodas (ABRC), que incentivou o
crescimento do mesmo em cidades como Rio de Janeiro, Curitiba (PR), São Paulo e
Campinas (SP), onde surgiram grandes equipes, dando condições ao Brasil de participar
do Parapan-MEX e assegurar presença nas Paralimpíadas do Rio daqui a três anos.
Dentre essas mais
categorizadas equipes surgiu a Santer Rio Rugby, com o apoio da Associação Santer
de Ação Comunitária, em maio de 2011. A base do time foi composta de paratletas
do extinto Guerreiros da Inclusão, que conquistou importantes resultados e
ganhou destaque nacional na modalidade.
A equipe do Santer Rio Rugby |
Na nova fase, o
time passou a treinar no Arouca Barra Clube, com sede na Barra da Tijuca, à
Avenida das Américas, 2.300.
Os principais
resultados do Santer Rio são: o bicampeonato Carioca (2011/12), o título da Segunda
Divisão do Campeonato Brasileiro de 2011 e o terceiro lugar na Copa América
Quad Rugby de 2013. Nos últimos anos, três jogadores do Santer Rio marcam
presença na Seleção Brasileira – Guilherme Camargo, Eduardo Mayr e o defensor
Junior Wirzma, considerado o melhor 0,5 ponto do país.
Por suas próprias
características, o rugbi de cadeira de rodas proporciona uma motivação especial
ao deficiente, que a cada partida em que participa, sente renovado, dentro de
si mesmo, o sentido da vida e que nada nos acontece por acaso, e sim para
possamos ver a vida sob um outro olhar, um olhar bem mais amplo, desafiador e
que dá a cada um a oportunidade de sentir que são vencedores sempre, basta para
isso estarem ali na quadra jogando, não importa o resultado. A VITÓRIA já está
garantida...
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