quinta-feira, 27 de outubro de 2011

OBRIGADO, LUIZ MENDES

Lauro Freitas Fº - editor do blog

Luiz Pineda Mendes, o nosso Tchê, o comentarista da palavra fácil, não nos deixa somente o legado do brilhantismo de seu imenso talento, que fez desse gaúcho de Palmeira das Missões e carioca por opção um dos maiores nomes do rádio brasileiro (e quiçá, mundial) em todos os tempos.

Deixa também o exemplo da sua enorme generosidade, do coração bondoso e gentil, da enorme paixão que demonstrava pela vida, por sua família e pela profissão que abraçou, combustível do permanente entusiasmo que tinha para o trabalho, superando até as limitações impostas, nos últimos anos, pela idade e pela doença.

Apesar de não nos conhecermos pessoalmente – cumprimentei-o umas duas vezes na tribuna de imprensa do Maracanã e falei com ele ao telefone mais um par de vezes –, Mendes e eu tivemos uma história profissional que se estendeu ao longo de 10 anos, para mim muito marcante e que ilustra bem a personalidade rara do mestre que hoje nos deixou.

Era dezembro de 1992 e eu estava para lançar a primeira edição do jornal Agito da Galera, publicação que seria distribuída gratuitamente nos portões de entrada dos estádios de futebol e em eventos esportivos de outras modalidades. Era, como não poderia deixar de ser, um jornal alternativo, de tiragem pequena – inicialmente apenas 5 mil exemplares. Não tinha recursos próprios para investir, mas queria que o jornal tivesse um diferencial. Pensei, ousado, em convidar grandes nomes da imprensa esportiva carioca para “colaborar”, no sentido gratuito da palavra. Mas, como? Não conhecia ninguém no meio esportivo e, por conseqüência, também nunca ninguém tinha ouvido falar no meu nome. Imagine a situação: um ilustre desconhecido chamar profissionais de renome para um projeto alternativo que ainda não havia saído da idéia para o papel e, ainda por cima, pedir para escrever de graça!

Luiz Mendes foi o primeiro nome que surgiu na lista. E o repórter esportivo Eduardo Soares, meu primeiro parceiro no Agito da Galera, se prontificou a falar com o mestre, lembrando uma antiga ligação que havia entre o pai do Eduardo e o grande Mendes.

Generoso ao extremo, Mendes topou na hora. Nem quis saber detalhes do projeto e, segundo Eduardo, nem passou perto de fazer menção à possibilidade de remuneração pelo seu texto. Aceitou e pronto, por prazer, por paixão pelo que fazia e também, tenho certeza, para dar aquela força a colegas mais jovens que se iniciavam na carreira esportiva.

O Agito da Galera começou mensal, mas em razão de dificuldades para angariar patrocínio para as edições, passou a sair sem periodicidade fixa. Assim, foram publicadas 36 edições ao longo de um período de 10 anos – a última saiu em outubro de 2003. E, em todas elas, Luiz Mendes esteve presente. Algumas vezes – poucas – em razão de seus vários compromissos profissionais, a disponibilidade do mestre não bateu com o cronograma de fechamento do jornal. Mas, nesses raros casos, sempre nos autorizou a republicar colunas mais antigas.

Em toda saga do extinto Agito, Luiz Mendes nunca perguntou se já teríamos condições de pagá-lo pela colaboração. Seria mais do que justo e natural. Afinal, tratava-se de uma grife do jornalismo esportivo nacional. Passávamos seis meses, e até mais de um ano com o jornal inativo e, ao retornar o contato, o Tchê estava sempre pronto a nos prestigiar com suas bem traçadas linhas.

Depois, fã de carteirinha que me tornei, presenciei várias palestras sempre encantado com a sua maneira particular de contar histórias do esporte, puxando pela memória reconhecidamente prodigiosa. Suas participações eram, a um só tempo, show e aula.

Por isso, sou eternamente grato a Luiz Mendes. Minha admiração, que já era imensa, virou eterna. Obrigado, Mendes, e descanse em paz!

Homenagem a um mestre do jornalismo esportivo

Como um tributo que prestamos ao grande radialista Luiz Mendes, falecido nesta manhã de 27 de outubro, reproduzimos a seguir um texto de autoria do “comentarista da palavra fácil” escrito especialmente para o extinto jornal Agito da Galera – precursor do projeto ESPORTEAGITO – publicado na edição nº 3, que circulou em março de 1993.

O Fla-Flu

LUIZ MENDES

Ninguém sabe exatamente quando surgiu a sigla Fla-Flu para determinar o clássico Flamengo x Fluminense. O modismo das abreviaturas veio muito depois da primeira vez em que os dois grandes rivais se encontraram.

Sabe-se, no entanto, que chamar esse jogo de Fla-Flu só se tornou um fato definitivo e generalizado, desde que o grande e saudoso jornalista Mário Filho passou a tratar o clássico por esse nome. E ele o fez numa visão de marketing, pois o futebol brasileiro estava dividido em dois, com Fluminense e Flamengo liderando um dos lados, precisamente aquele que defendia a implantação do profissionalismo.

Praticamente, no Rio, apenas três clubes se situavam dentro dessa visão – Flamengo, Fluminense e América. Formavam a Liga Carioca. Todos os demais ficavam do outro lado, com a CBD, e isso determinava um campeonato cuja tabela colocava semana sim, semana não, o Fluminense jogando com o Flamengo. E Mário Filho criou o que se convencionou chamar de mística do Fla-Flu.

Quase como uma explosão em cadeia, começaram a surgir pelo Brasil afora, clássicos regionais com siglas criadas pela junção de sílabas com os nomes dos adversários. Grenal no Rio Grande do Sul; Atlétiba no Paraná; Baví na Bahia e até Comefogo em Ribeirão Preto, belicosa “alcunha” do jogo Botafogo-Comercial, agitado clássico daquela importante cidade paulista.

Fla-Flu pegou e se tornou o clássico de maior charme do Brasil, pelo apoio de Mário Filho ao profissionalismo que, afinal, se tornou vitorioso em 37, quando o Rio passou a ter um só campeonato, com todos os clubes do mesmo lado.

Desde que cheguei ao Rio (fim do ano 1944) tive oportunidade de assistir a memoráveis Flaflus. E se perguntarem qual o mais sensacional que eu vi, respondo que o Fla-Flu não pode ser dividido em pedaços, porque ele faz parte de um todo – todos eles formam historicamente um só.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

FUTEBOL / Pedrinho volta aos campos para ser o maestro do Olaria

Foto: Divulgação

Da Redação do EsporteAgito

Depois de uma “aposentadoria” de quase dois anos – período no qual reforçou equipes de ex-jogadores em partidas de exibição e integrou times de showbol – o talentoso meia Pedrinho, aos 34 anos, já marcou sua volta aos gramados cariocas. Será em 2012, com a camisa do Olaria, e provavelmente no jogo de estreia do clube no Campeonato Estadual.

Pedrinho é o primeiro reforço do time da Rua Bariri para a temporada do ano que vem e promete ser uma das atrações do campeonato, a exemplo do que o Bonsucesso fez ao contratar o folclórico Túlio Maravilha.

Revelado pelo Vasco da Gama, onde iniciou no futsal aos seis anos de idade, Pedrinho foi promovido à equipe principal em 1995 junto com o seu amigo Felipe, com quem conviveu em todas as categorias de futebol do clube. Começou a se destacar no Campeonato Brasileiro de 1997 e formou ao lado de Ramon e Juninho Pernambucano um meio-campo espetacular e ofensivo que criava jogadas para a dupla de ataque Evair e Edmundo.

Contudo, sua carreira foi marcada por graves contusões que impediram o seu desenvolvimento como o craque que prometia ser. Além do Vasco, defendeu também o Palmeiras, o Al-Ittihad (Arábia Saudita), o Fluminense, o Santos, o Al Ain (Emirados Árabes), e o Figueirense. Teve, ainda, algumas passagens pela seleção brasileira.

Entre os principais títulos estão os campeonatos brasileiros de 1997 e 2000, a Libertadores, em 98, e a Copa Mercosul, em 2000 – todos pelo Vasco da Gama.

Rebaixado com o time vascaíno em 2008, ano de sua volta ao clube que o revelou, Pedrinho foi para o Figueirense, mas em agosto de 2009, anunciou a sua decisão de encerrar a carreira como jogador, aos 32 anos de idade, alegando as constantes lesões que o perseguiram praticamente durante toda a sua carreira futebolística.

No início deste ano, porém, o atleta surpreendeu ao decidir voltar à ativa, disputando o Campeonato Mineiro de 2011 pelo modesto Funorte, da cidade de Montes Claros. Agora, com a camisa alvianil do Olaria, espera começar a escrever um novo capítulo na sua história contando ter um final mais feliz.